Valorizar a educação básica é essencial. Uma escola que não ensina a ler, a interpretar e a pensar não prepara o aluno para a vida. É nessa fase que o estudante aprende a conviver, a construir sua identidade, a se expressar, a organizar o pensamento e a entender o mundo. Quando esse processo é negligenciado, geral prejuízos futuros.
De acordo com uma matéria divulgada pelo jornal O Globo, um em cada oito brasileiros com ensino superior completo é analfabeto funcional. Ou seja: mesmo com diploma universitário, muitos não conseguem interpretar um texto simples, organizar ideias com clareza ou resolver problemas que exijam raciocínio lógico.
O dado é grave, mas não surpreendente. Outra reportagem, publicada pela Revista Veja, mostra que o analfabetismo funcional atinge 29% da população brasileira e está estagnado desde 2018. O problema começa cedo: alunos que frequentam escolas com ensino básico deficiente chegam ao ensino médio e superior com grandes lacunas na formação. O resultado é um país que diploma, mas não forma, tampouco transforma.
A situação se agrava quando analisamos os hábitos de leitura dos brasileiros. Como sabiamente escreveu o jornalista Ruy Castro em artigo veiculado na Folha de São Paulo, vivemos em um “país dos não leitores”, onde não se lê um livro até o fim “nem para saber se o assassino era o mordomo”. De acordo com o texto, 73% dos brasileiros não terminaram um livro em 2024, e 54% não leram sequer um único livro (impresso ou digital) neste mesmo ano. Como resultado, uma nova geração cresce afastada da leitura e cada vez mais distante da autonomia intelectual.
“Esse afastamento se conecta diretamente com o analfabetismo funcional que a pesquisa recente mostra. A falta do hábito da leitura é também uma forma de exclusão intelectual”, afirma Alexandre Medeiros, diretor acadêmico do Centro de Estudos Júlio Verne.
Mas como formar leitores críticos, pensadores autônomos e cidadãos capazes de interpretar e transformar o mundo?
No Centro de Estudos Júlio Verne, esse desafio é encarado com seriedade desde os primeiros anos. O contato com os livros é estimulado com acervos atualizados, projetos literários e eventos culturais que aproximam os alunos do universo da literatura e do conhecimento. O raciocínio lógico também é trabalhado de forma constante, com atividades de matemática estimulantes, experimentos práticos e jogos estratégicos, como o xadrez, que é parte da grade pedagógica e contribui para o desenvolvimento do foco, da estratégia e da tomada de decisão.
“Esse é o caminho. Essa é a base: sólida, forte e construída com propósito. A escola precisa ser um espaço de formação do sujeito como um todo. Não basta ensinar conteúdo: é preciso formar leitores, pensadores e cidadão. Só assim vamos conseguir mudar a realidade que está posta”, completa Alexandre.
Valorizar a educação básica é garantir que cada aluno tenha acesso ao conhecimento, à compreensão do mundo e à capacidade de transformar a própria realidade. E essa missão é de todos nós: mantenedores, educadores, famílias – e dos próprios alunos.